A Residência Jacarepaguá: Uma Jornada de Arquitetura e Família
A história da Residência Jacarepaguá é um testemunho de como a arquitetura pode transcender sua função utilitária e se tornar um elo intrínseco na vida de uma família. Planejada para abrigar uma família de quatro pessoas, o objetivo era criar um espaço que fosse mais do que uma mera casa; era um lugar onde as experiências familiares, as viagens e as vivências pudessem ser eternizadas em fotografias e memorabilia, contando a história de forma tão eloquente quanto possível. A decoração desempenhou um papel crucial nessa narrativa, moldando os espaços com uma estética contemporânea.
Desde o início, ficou claro que a Residência Jacarepaguá não seguiria o padrão convencional imposto pelo mercado. A cliente ansiava por algo único e em parceria com o arquiteto Clóvis Moutinho, uma solução visionária tomou forma. Um volume principal da casa foi dividido por uma ousada parede de concreto, que não apenas proporcionava estabilidade estrutural, mas também definia os ambientes do programa desde o início.
O processo de criação envolveu inúmeros estudos, desde a inclinação da estrutura até a seleção das texturas e cores adequadas. Durante a construção, várias alterações foram feitas, resultando em um projeto verdadeiramente singular. A casa se destacava como uma fusão arrojada de forma e função, projetada para a integração de uma família que valorizava momentos únicos de descanso e convívio.
Do ponto de vista estrutural, o muro de concreto aparente desempenhou um papel fundamental. Não apenas distribuiu a carga dos pavimentos, mas também apresentou um desafio significativo na construção. Foram realizados extensos testes para alcançar a textura e as aberturas ideais, incluindo janelas que ofereciam recortes na fachada, permitindo uma visualização singular do quarto da frente da residência.
No entanto, à medida que a cidade do Rio de Janeiro se expandia e a via expressa Transolímpica promovia mudanças em 2016, o condomínio que abrigava a casa foi desativado pelas autoridades públicas. Infelizmente, a casa precisou ser desapropriada e demolida. No entanto, essa experiência arquitetônica foi imprescindível, marcando um ponto crucial na carreira do arquiteto, que, na época, era um recém-formado no mercado da arquitetura. A Residência Jacarepaguá, embora tenha desaparecido fisicamente, permanece como um testemunho da visão audaciosa e da habilidade de criar espaços que contam histórias e se tornam parte da vida de uma família.